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terça-feira, 6 de março de 2012

Educar para a cidadania: a exclusão tecnológica desafia a escola pública.


Estou publicando mais uma postagem sobre educação cidadã, hoje sobre o prisma da exclusão digital. 

No decorrer das últimas décadas, a revolução tecnológica e científica deu uma guinada  em  nossa  sociedade.   

Com isso, as novas tecnologias da informação e do conhecimento passaram a fazer parte do nosso cotidiano e a educação, evidentemente, precisa acompanhar este processo.  Torna-se até possível estabelecer um processo de ensino e aprendizagem fora do contexto tecnológico contemporâneo, mas nesse caso as preocupações recaem sobre o seguinte questionamento: futuramente, que garantias cidadãs terão estas crianças e jovens advindos de um processo educacional que os excluíram de sua sociedade, quando não os prepararam para atuar num meio impregnado pela informação e conhecimento?
Uma educação que não acompanha, nem promove as transformações sociais, não garante a formação de um indivíduo capaz de atuar ativamente na sociedade em que está inserido, consequentemente estará ao invés de preparar para ser cidadão, preparando para a exclusão, inserindo na sociedade indivíduos passivos e com olhares normalizadores em relação a sua desvantagem social. 
Os processadores de texto são o lápis e o papel da era da informação. As planilhas eletrônicas substituem as réguas de cálculo dos engenheiros e as máquinas de calcular dos que trabalham em escritórios. Os que não forem capazes de operar essas novas ferramentas estarão em desvantagem no mundo moderno. (CASTRO, 2001, p.17)

Pois, uma escola que utiliza como recursos, simplesmente giz, quadro, livros didáticos, folhas mimeografadas, lápis e papel, uma vez que esta mesma escola está inserida numa sociedade onde pesquisar inclui uso de internet, comunicar-se envolve a utilização além do telefone, de celulares, de e-mails, chats e salas de bate-papo, a escrita se faz também por meio de processadores de texto, onde até o uso de aparelhos mais difundidos como a televisão e o rádio estão mais aprimorados, os seus controles remotos comandam múltiplas funções, os álbuns de fotografias estão agora na era digital, podendo ser vistos até em aparelhos de TV’s por meio de aparelhos de DVD’s, além de muitas outras mudanças que vêm ocorrendo dentro deste novo paradigma de sociedade. 
Em todas as nossas ações cotidianas, deparamo-nos com a necessidade de utilizar algum tipo de tecnologia contemporânea, seja pagando uma passagem em um meio de transporte, seja realizando uma operação bancária, seja fazendo uma compra no comércio, na internet, enfim, as novas tecnologias vieram para ficar! Ou nos apropriamos delas ou viveremos em um mundo paralelo, o da exclusão.
O trabalho, que é um direito do cidadão, dentro desta nova sociedade necessita da obtenção de uma gama de conhecimentos contemporâneos do trabalhador, que se não os tem fica excluído do trabalho.
A profissão de fotógrafo e  a produção de filmes fotográficos, por exemplo, tem um grande desafio a enfrentar nesta nova sociedade: “a da era digital”. Estará sem perspectivas nesse novo modelo de sociedade, o profissional que não se apropriar das novas tecnologias de fotografia, pois como a venda de câmeras digitais tem aumentado muito nos últimos tempos, é evidente que vender filmes para máquinas comuns, em breve, não será algo lucrativo e a tendência então será o término das fábricas de filmes fotográficos.
Fato parecido já ocorreu em tempos anteriores, quando foi implantada a utilização de caixas automatizados no comércio.  Antes, para exercer a função de um caixa,  bastava saber as quatro operações matemáticas (que a escola ensinava). Hoje para se trabalhar no comércio seja qual for a função, é imprescindível possuir algum conhecimento tecnológico (a escola ensina?).  Algumas empresas até oferecem estes tipos de treinamento, mas nem todos conseguem se adaptar, por não possuir este tipo de cultura tecnológica, no entanto, considera muito complexa este tipo de atividade.
 E isso tem sido e será a tendência de outras profissões ao longo do desenvolvimento tecnológico em nossa sociedade. 
Existem cursos de informática e tecnologias afins espalhados por todo país, mas nem todos que freqüentam a escola pública têm condições financeiras para investir nestes tipos de aprendizados.
Podemos concluir então, que ser cidadão é não estar excluído de sua sociedade, seja ela como for.
Não se pode conceber uma educação que prepare indivíduos com desvantagens em relação ao seu mundo, principalmente quando essa educação diz “formar para a cidadania”.  Afinal de contas, uma escola cidadã deve inserir e não excluir.  Logo, se nossa sociedade está se tornando cada vez mais tecnológica, nossos alunos devem no mínimo ter noções a respeito destas tecnologias, para que possam ser incluídos de forma cidadã nesta sociedade.  
Gadotti (2006) menciona isto em um dos discursos, quando diz que a escola cidadã é aquela que viabiliza a cidadania de quem está nela e de quem vem a ela e que a mesma não pode ser uma escola cidadã em si e para si e ainda que, ela é cidadã na medida em que se exercita na construção da cidadania de quem usa seu espaço.
Não combater a exclusão tecnológica significa reforçar o distanciamento entre o saber escolar e a cultura do aluno, uma vez que ele não adquire na escola um conhecimento com efetiva aplicabilidade em seu cotidiano. 

Referências:

CASTRO, Cláudio de Moura. Educação na era da informação. Rio de Janeiro: UniverCidade, 2001.
BRASIL. Ministério da educação. Secretaria de educação média e tecnológica.  Políticas públicas para a educação profissional e tecnológica. Brasília, 2004.
BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel; NOSELLA, Paolo. Educação e cidadania: quem educa o cidadão?. 11ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.
ROCHA, Miriele dos Santos. EDUCAR PARA A CIDADANIA: A EXCLUSÃO TECNOLÓGICA DESAFIA A ESCOLA PÚBLICA. Artigo, 2008.  Disponível em: http://siteantigo.paulofreire.org/FPF2008/WebTrabalhoResumo?origem=TrabalhoMirieleRocha&inscr=MirieleRocha
MIRIELE

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