No decorrer das últimas décadas, a revolução tecnológica e científica deu uma guinada em nossa sociedade.
Com isso, as novas tecnologias da informação
e do conhecimento passaram a fazer parte do nosso cotidiano e a educação,
evidentemente, precisa acompanhar este processo. Torna-se até possível
estabelecer um processo de ensino e aprendizagem fora do contexto tecnológico
contemporâneo, mas nesse caso as preocupações recaem sobre o seguinte
questionamento: futuramente, que garantias cidadãs terão estas crianças e
jovens advindos de um processo educacional que os excluíram de sua sociedade,
quando não os prepararam para atuar num meio impregnado pela informação e
conhecimento?
Uma educação
que não acompanha, nem promove as transformações sociais, não garante a
formação de um indivíduo capaz de atuar ativamente na sociedade em que está
inserido, consequentemente estará ao invés de preparar para ser cidadão,
preparando para a exclusão, inserindo na sociedade indivíduos passivos e com
olhares normalizadores em relação a sua desvantagem social.
Os processadores de texto são o lápis e o papel da era da
informação. As planilhas eletrônicas substituem as réguas de cálculo dos
engenheiros e as máquinas de calcular dos que trabalham em escritórios. Os que
não forem capazes de operar essas novas ferramentas estarão em desvantagem no
mundo moderno. (CASTRO, 2001,
p.17)
Pois, uma
escola que utiliza como recursos, simplesmente giz, quadro, livros didáticos,
folhas mimeografadas, lápis e papel, uma vez que esta mesma escola está
inserida numa sociedade onde pesquisar inclui uso de internet, comunicar-se
envolve a utilização além do telefone, de celulares, de e-mails, chats e salas
de bate-papo, a escrita se faz também por meio de processadores de texto, onde
até o uso de aparelhos mais difundidos como a televisão e o rádio estão mais
aprimorados, os seus controles remotos comandam múltiplas funções, os álbuns de
fotografias estão agora na era digital, podendo ser vistos até em aparelhos de
TV’s por meio de aparelhos de DVD’s, além de muitas outras mudanças que vêm
ocorrendo dentro deste novo paradigma de sociedade.
Em todas as
nossas ações cotidianas, deparamo-nos com a necessidade de utilizar algum tipo
de tecnologia contemporânea, seja pagando uma passagem em um meio de
transporte, seja realizando uma operação bancária, seja fazendo uma compra no
comércio, na internet, enfim, as novas tecnologias vieram para ficar! Ou nos
apropriamos delas ou viveremos em um mundo paralelo, o da exclusão.
O trabalho,
que é um direito do cidadão, dentro desta nova sociedade necessita da obtenção
de uma gama de conhecimentos contemporâneos do trabalhador, que se não os tem
fica excluído do trabalho.
A profissão de
fotógrafo e a produção de filmes fotográficos, por exemplo, tem um grande
desafio a enfrentar nesta nova sociedade: “a da era digital”. Estará sem
perspectivas nesse novo modelo de sociedade, o profissional que não se apropriar
das novas tecnologias de fotografia, pois como a venda de câmeras digitais tem
aumentado muito nos últimos tempos, é evidente que vender filmes para máquinas
comuns, em breve, não será algo lucrativo e a tendência então será o término
das fábricas de filmes fotográficos.
Fato parecido
já ocorreu em tempos anteriores, quando foi implantada a utilização de caixas
automatizados no comércio. Antes, para exercer a função de um caixa,
bastava saber as quatro operações matemáticas (que a escola ensinava).
Hoje para se trabalhar no comércio seja qual for a função, é imprescindível
possuir algum conhecimento tecnológico (a escola ensina?). Algumas
empresas até oferecem estes tipos de treinamento, mas nem todos conseguem se
adaptar, por não possuir este tipo de cultura tecnológica, no entanto,
considera muito complexa este tipo de atividade.
E isso
tem sido e será a tendência de outras profissões ao longo do desenvolvimento
tecnológico em nossa sociedade.
Existem cursos
de informática e tecnologias afins espalhados por todo país, mas nem todos que
freqüentam a escola pública têm condições financeiras para investir nestes
tipos de aprendizados.
Podemos
concluir então, que ser cidadão é não estar excluído de sua sociedade, seja ela
como for.
Não se pode
conceber uma educação que prepare indivíduos com desvantagens em relação ao seu
mundo, principalmente quando essa educação diz “formar para a cidadania”.
Afinal de contas, uma escola cidadã deve inserir e não excluir. Logo, se
nossa sociedade está se tornando cada vez mais tecnológica, nossos alunos devem
no mínimo ter noções a respeito destas tecnologias, para que possam ser
incluídos de forma cidadã nesta sociedade.
Gadotti (2006)
menciona isto em um dos discursos, quando diz que a escola cidadã é aquela que
viabiliza a cidadania de quem está nela e de quem vem a ela e que a mesma não
pode ser uma escola cidadã em si e para si e ainda que, ela é cidadã na medida
em que se exercita na construção da cidadania de quem usa seu espaço.
Não combater a
exclusão tecnológica significa reforçar o distanciamento entre o saber escolar
e a cultura do aluno, uma vez que ele não adquire na escola um conhecimento com
efetiva aplicabilidade em seu cotidiano.
Referências:
CASTRO, Cláudio
de Moura. Educação na era da
informação. Rio de Janeiro: UniverCidade, 2001.
BRASIL.
Ministério da educação. Secretaria de educação média e tecnológica. Políticas públicas para a educação
profissional e tecnológica. Brasília, 2004.
BUFFA, Ester;
ARROYO, Miguel; NOSELLA, Paolo. Educação
e cidadania: quem educa o cidadão?. 11ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.
ROCHA, Miriele dos Santos. EDUCAR PARA A CIDADANIA: A EXCLUSÃO TECNOLÓGICA DESAFIA A ESCOLA
PÚBLICA. Artigo, 2008. Disponível em: http://siteantigo.paulofreire.org/FPF2008/WebTrabalhoResumo?origem=TrabalhoMirieleRocha&inscr=MirieleRocha
MIRIELE
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