quinta-feira, 4 de junho de 2020

A imaginação e a criatividade tornam a aprendizagem mais significativa: minha história como exemplo

Quando eu era criança, sempre fui muito imaginativa, na verdade ainda sou, mas vou me ater aqui a umas lembranças da fase infantil. 

Por volta dos 2 aos 4 anos eu já mostrava interesse pela leitura, quando observava meu pai que adorava ler gibis sentado por horas com os olhos fitados num livrinho rindo horrores sozinho, eu me aproximava e ficava rindo junto. Ele achava que eu entendia e me recontava as histórias pausando para rir de novo e eu ouvia atentamente e ria também, claro que aos dois anos eu estava era rindo do riso dele e não da história, porque eu não tinha esta compreensão para interpretar piadas e textos cômicos.   Mas deixa para lá! Nunca contei para ele que eu estava apenas fazendo companhia para ele não ficar rindo sozinho (risos).

Quanto a minha mãe, sempre foi muito presente em tudo na minha vida. Adorava cozinhar e me elegia para ser a assessora de leitura e escrita das receitas que iria preparar. Eu a auxiliava na redação da lista de compras, na leitura das embalagens no mercado e em casa, no registro das receitas que passavam na TV transcrevendo para um caderno. 

Eu vivia em um ambiente realmente alfabetizador e propício ao aprendizado. Minha casa tinha jornais, revistas, gibis, almanaque a, livros por toda a parte.

Pensando bem, eu fui muito privilegiada!

Tal fato não só criou a curiosidade pela leitura cedo, como desenvolveu bastante minha capacidade imaginativa. 

Lembro me muito bem das histórias que eu criava, primeiro na mente, ricas em detalhes e depois algumas delas eu as escrevia, desenhava e até encenava nas minhas brincadeiras. Talvez por achar que estavam sensacionais, ahahaha. Outro dia achei um caderno velho porque minha mãe tinha o hábito de guardar tudo da minha história, até meu uniforme do jardim de infância ainda tenho, pode acreditar, e neste caderno tinha uma dessas histórias lá registrada. Bem pensando aqui, ao reler a história nem achei que não era tão sensacional assim, não sei porque registrei (risos), talvez fizesse muito sentido naquele momento, talvez causasse um bem estar, um sentimento bom, uma emoção boa que merecia registrar, para não perder aquela situação"vivida" mentalmente, sei lá. 

Mas voltando a essa infância, recordo me que eu tinha estas imaginações em vários contextos, nas brincadeiras, estudando para as provas, na sala de aula, nas filas que eu precisava esperar junto com minha mãe, era um passatempo muito frequente. 

Sempre fui uma criança muito tímida e solitária, na escola preferia na maioria das vezes estar só ou com poucos colegas, em casa não tinha o hábito de brincar com frequência na vizinhança, rua ou na casa de amigos. Meu único irmão tem uma diferença de nove anos a mais que eu. 

Meus maiores companheiros eram três primos que nos finais de semana vinham para minha casa e "fazíamos a festa", era como maratonas de brincadeiras, começando de manhã e indo até a hora de dormir. 

Talvez minha imaginação fértil, o que não é nenhuma novidade no mundo infantil, talvez eu só fazia de forma mais intensa, fosse uma estratégia para me divertir mais nos momentos que não teria companhia da minha faixa etária. Eram minhas companheiras.

Era bom! Tudo tinha mais graça! 

"A consciência humana está no mundo como uma bola inflamada pela imaginação tudo tem inventado pelo homem de maneira física ou mental, é fruto da Imaginação de alguém"(Montessori)


Imagina você poder ilustrar suas próprias histórias? Assistir a um filme em cada aula de história? E o melhor, criado por você! Imagina os textos de português serem cantados como música? E o ritmo foi você que colocou!

Prestava bastante atenção nas  aulas de ciências porque no final de semana seria a aula que eu daria para os meus primos cobaias na escolinha do quintal, nossa brincadeira preferida. Precisava entender bem. 

Os textos dos livros de Língua Portuguesa ou viravam música, porque eu os lia cantando ou viravam peças teatrais que eu ensaiava com meus primos e apresentava no quintal para nós mesmos e os vizinhos que chamávamos e pensávamos estar prestando atenção, vai ver que estavam. 

Adorava os desenhos de cidade urbana e rural dos livros de estudos sociais, porque tinha mania de desenhar por horas e horas mapas de cidades imaginárias, com rios, ruas, área rural e urbana, montanhas, casas e até ônibus e pedestres tinham. É claro que quando os leigos achavam meu mapas, não tinham capacidade para compreende-los. Achavam que eram rabiscos mal feitos para passar o tempo, humpf. Coisa de gente sem "sensibilidade artística", óbvio!

Eu dormia e sonhava com muitas coisas, mas algumas eu assim que acordava ia desenhar e pintar. Desenhava moldura nos desenhos para imitar quadrinhos e poder colocar na parede. Minha mãe, dona Lúcia, colocava e deixava lá por uns dias. Isso me deixava muito feliz! 

Geralmente eram desenhos de borboletas coloridas voando em jardim florido, um sol entre montanhas, uma lua entre nuvens, eu gostava muito de desenhar paisagens, pois era o que eu mais imaginava. 

Eu sempre tive a fama de ser muito estudiosa, minhas notas eram sempre as mais altas, era sempre o destaque da turma, não tinha quase nenhuma dificuldade em aprender as matérias, matemática é que não era muito meu forte, e às vezes precisava frequentar alguma explicadora, talvez porque minha imaginação não conseguia sozinha criar algo que incluísse os cálculos matemáticos.


Miriele Rocha

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  A Brincadeira como Pilar da Autonomia e do Desenvolvimento Integral na Educação Infantil Segundo a BNCC Miriele Rocha    A Base Nacional C...